CCH: TEMPO DE TRAVESSIA
VOTE PROF. WAGNER ROCHA - Diretor do CCH/Unimontes, no dia 17/02/2011.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Entrevista do professor Wagner Rocha ao Jornal de Notícias/Montes Claros


Eleição no CCH/Unimontes

O CANDIDATO DO DIÁLOGO*

WALDO FERREIRA/Especial para o JN
Professor Wagner Rocha, uma liderança acadêmica no CCH/Unimontes.

As eleições para diretor nos centros de ensino da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) ocorrerão no próximo dia 17 de fevereiro e, no caso específico do Centro de Ciências Humanas (CCH), maior braço da instituição, o professor Wagner Rocha é candidato ao cargo. Com formação em Filosofia e em Letras ele aponta nesta entrevista as razões pelas quais decidiu participar do pleito e fala da necessidade de repensar o papel da universidade e das ciências humanas.
JN – O que o motiva a se candidatar à direção do CCH?
WAGNER ROCHA – A nossa candidatura não é um projeto pessoal. A ideia é provocar debates sobre a própria situação da universidade e a área de ciências humanas. Na verdade, trata-se do resultado da vontade de um grupo de professores que pensa a universidade a partir do Centro de Ciências Humanas. É um projeto que nasce do ideal da construção coletiva do Centro, voltado para a condução de projetos dos departamentos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Nosso nome surgiu no bojo de demandas apontadas pelos professores que vêem na nossa candidatura uma oportunidade de propor novos desafios à Instituição.
JN – Professor, a ditadura praticamente aboliu o ensino da Filosofia no Brasil. Só recentemente, depois de mais de duas décadas, a disciplina voltou a ser ministrada no ensino médio. É sua a iniciativa de inserir filosofia no vestibular da Unimontes?.
WAGNER ROCHA – Sim. Esse assunto é da maior relevância. Fiz parte do movimento nacional que fez com que o Ministério da Educação aprovasse o projeto de inserção da Filosofia no ensino médio. Participei de um seminário, na Unimontes, para defender essa proposta, com a adesão da Superintendência Regional de Ensino, de professores e estudantes. A pressão funcionou e abriu caminho para que a o ensino da Sociologia também fosse inserido. No mesmo período, conseguimos, por iniciativa minha, que a Filosofia passasse a ser matéria exigida no vestibular da Unimontes.
JN – A Unimontes é criticada por não apresentar nem debater projetos de interesse da cidade. O que o senhor pensa a respeito?
WAGNER ROCHA – Veja, não posso falar pela Unimontes como um todo, mas tenho preocupação com os temas que dizem respeito à nossa cidade. Sou candidato ao CCH, mas entendo que a instituição não pode se isentar do papel social que representa, uma vez que a universidade deve existir em função da sociedade e da comunidade em que está inserida. Nesse sentido, podemos observar que a Unimontes desenvolve alguns projetos na área social, como a “Unimontes Solidária” e o núcleo de inclusão social para portadores de necessidades especiais, além de iniciativas na área de trânsito. Mas é preciso ampliar isso, sem dúvida.
JN – Sua grande preocupação parece ser a formação dos professores. O que pensa em fazer nas áreas de mestrado e doutorado?
WAGNER ROCHA – Como chefe do Departamento de Filosofia firmei convênio com a Universidade Federal de Ouro Preto para qualificar nossos professores num programa de mestrado em estética e filosofia da arte. Se for eleito, lutarei para que todos os professores possam fazer mestrado e doutorado na própria Unimontes. Hoje, é necessário ir para outros centros, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Uberlândia e até para Portugal. Eu próprio precisei sair de Montes Claros para me qualificar. Pretendo fazer um levantamento em todos os departamentos para verificar quem ainda não tem formação ideal. Vamos estimular os mestrados e doutorados interinstitucionais, os Minter e Dinter, utilizando as próprias instalações da Unimontes.
JN – Qual é a situação atual nessas áreas?
WAGNER ROCHA – No CCH só temos mestrado próprio na área de Letras (estudos literários) e devemos iniciar outro em História. É preciso expandir para outros departamentos.
JN – Como o senhor imagina  que deve ser a gestão do CCH no contexto da universidade?
WAGNER ROCHA – Acredito no diferente. As coisas estão muito programadas, óbvias. Devemos dar vazão ao inusitado, ao ineditismo. É preciso sonhar e realizar propostas novas, algo diferenciado. Para isso, há a necessidade de quebrar determinados formatos já preestabelecidos e criar padrões e novas possibilidades. Entretanto, a proposta fundamental, e dela vai emanar todas as outras, é a prática do diálogo. Só assim poderemos concretizar as ações coletivas. A universidade não pode ser individualista como a sociedade. Com o capitalismo perdemos a perspectiva coletiva. Percebemos na própria instituição ações isoladas. Por isso, nossa meta de trabalho é discutir as questões de forma democrática, ouvindo os departamentos, os colegiados de cursos, os estudantes. Vamos travar um diálogo incessante com os professores, a reitoria, as pró-reitorias e com as coordenadorias de ensino, pesquisa e extensão. O diálogo é a base das relações humanas e sociais. Com isso, pretendemos, por exemplo, dar autonomia aos departamentos, para que esses possam desenvolver seus próprios projetos e crescerem.
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*Fonte: Jornal de Notícias - Montes Claros, domingo/segunda-feira, 13/14 de fevereiro de 2011.

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